LOPES, Amanda Cristina
Teagno. Educação Infantil e registro de
Práticas.
São Paulo; Cortez, 2009
A autora é pedagoga, mestre
em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE/USP) e
doutoranda na mesma universidade, sua
trajetória profissional passa pela docência na Educação Infantil e pela ministração em cursos e oficinas
voltados ao processo de formação contínua de educadores.No entanto nos
apresenta um livro que fala sobre educadores, sobre educação infantil, sobre
registro de práticas. No esforço de buscar uma educação de qualidade e na
tentativa de mostrar à sociedade e, especialmente, às políticas públicas o
valor da educação, dos professores, de suas práticas. O livro é dividido em IV
capítulos, sendo que no I capítulo a autora faz um diálogo com outros autores
sobre o que é registrar? Registrar para quê? Elucidando o conceito de registro
procurando formar uma concepção que considere as diferentes linguagens e a
criança como produtora de marcas.
Registrar a prática não é
apenas escrever sobre ela; registro é relato, narrativa, descrição e ainda
mais. Registrar é refletir, planejar, avaliar. Não é apenas escrever; desenho e
imagens podem ser considerados formas de registro, especialmente no caso da
criança. Concordo com a autora, pois registrar envolve as reações das crianças,
seus pontos positivos e negativos percebidos no desenvolvimento, tendo em vista
que o professor busque um olhar observador.
A autora considera imagens e
desenhos como forma de registros, forma de expressão, representação,
comunicação. Não apenas os textos escritos constituem registros, mas também os
não verbais podem representar memória, reflexão, descrição, análise. Portanto a
criança como produtora de registros, de marcas que representam sua história, sua
presença no mundo. A autora nos deixa claro que devemos compreender o
desenvolvimento e a aprendizagem das crianças e como ela explora o mundo, pois
a mesma se expressa de varias formas, basta ficarmos atentos a essas
expressões.
Segundo Márcia Gobbi, os
desenhos podem ser compreendidos como fontes documentais que nos informam sobre
as crianças, sobre sua infância em diferentes contextos sociais, históricos e
culturais.
O II capítulo é abordado a
relação-memória, recuperando a história da Educação Infantil em São Paulo e
prosseguindo a reflexão sobre as possibilidades do registro de práticas na
formação de professores e na melhoria da qualidade de ensino.
O registro é, portanto, elemento
imprescindível ao trabalho na educação Infantil, apresentando- se
intrinsecamente relacionado à observação, ao planejamento e à avaliação, considerados
por Madalena Freire (1996) como instrumento metodológicos com os quais o
professor conta para a realização de seu trabalho. Quando a autora nos fala em
memória, remete-nos, na narração de um dia de aula, no relato de um
projeto,reconstruindo lembranças que se apresentam de maneira singular a cada
pessoa,que interpreta,compreende,analisa os acontecimentos por meio de sua
história de vida, de seus conhecimentos, crenças e concepções. Concordo com a
autora quando diz que sem memória não há passado e nem futuro. E que registrar
a própria prática é atribuir valor à experiência docente, ou seja, é produzir memória,
memória das práticas escolares, e construir história é ser sujeito. Sendo o
professor autor de sua prática reflexiva e portador de saberes e fazeres.
O capítulo III destaca
outras formas de registro capazes de conferir maior liberdade ao professor, possibilitando
que sua prática venha à tona e seja transformada em objeto de reflexão e de
estudo. Temos os planos, registros diários e portfólios. O educador encontra na
elaboração de seus planos de ensino, oportunidade de refletir sobre seus
educandos, suas características e suas necessidades. Tanto os registros e
portfólios são importante instrumento para a prática avaliativa do professor.
Vale ressaltar que é importante que as famílias façam parte desse processo.
Segundo Hilda Micarello são instrumentos a ser compartilhado com as famílias, pois
possibilitam uma visão de conjunto das produções da criança e dos processos
vivenciados por ela.
A autora evidencia a
preocupação com a produção de registros pelas crianças: como autoras do projeto
e produtoras de conhecimento, e espera-se que também registrem seu percurso e
suas descobertas.
O capítulo IV a autora
retoma sobre a importância dos registros, pois deve possibilitar a construção
de um saber válido com base na reflexão e no diálogo com a teoria. Portanto,
meio e fim para a melhoria da ação pedagógica. É meio para o planejamento, a
reflexão, a avaliação, o desenvolvimento profissional. Mas também constitui fim
em si mesmo, pois é documento, registra memória, expõe um processo, representa
produção de saberes. A obra nos faz repensar sobre nossa prática pedagógica,
enriquecendo as nossas ações e sobre o olhar observador que devemos ter sobre
nossas crianças, contribuindo com o seu crescimento e desenvolvimento,
permitindo apreendê-la em toda a sua riqueza.