Resenha crítica de:
LOPES, Amanda Cristina Teagno. Educação Infantil e Registro de Práticas. São Paulo: Cortez, 2009.
A autora inicia construindo o conceito e
o significado do termo registrar, apoiando-se nas concepções de diversos
autores, dentre eles Madalena Freire (1983, 1996), Paulo Freire (1993), Cecília
Warschauer (1993), 2001), Miguel Angel Zabalza (1994) e Júlia Oliveira
Formosinho (2002).
Nas várias concepções de registro
pedagógico citadas pela autora, foram incluídas diferentes formas de
portfólios, relatos diários, registro de observação entre outras, percebendo a
criança como produtora de marcas e o desenho como linguagem, pois o desenho é
em sua etapa inicial, motor e visual, tornando-se instrumento de comunicação e
representa linguagem privilegiada que atende à escrita, mas não deve ser
substituída por ela, considerando que para a criança o desenho tem o papel de
comunicação de idéias; antes de perceber essa possibilidade ela apenas faz
riscos, sem nenhum significado aparente e com outras pessoas a criança começa a
dar forma e representação ao seu desenho.
Recurso muito utilizado na Educação
Infantil por fazer parte desse universo e o papel do professor é de observar,
incentivar, questionar ampliando as experiências da criança que serve de
material para momento de reflexão na reelaboração do plano de aula para
reformular estratégias e avanço na aprendizagem.
Em busca da ampliação do olhar sobre o
registro, Lopes (2009) segue a obra mostrando práticas de registro no contexto da
história da Educação Infantil em São Paulo e na história da educação no Brasil.
A autora não deixa de ressaltar a mudança da concepção da infância havida na
passagem do século XVIII para o XIX, em que a este período da vida passou a ser
visto como sendo composto por categorias próprias; também não deixa de
mencionar o registro no contexto do movimento da Escola Nova, mostrando as peculiaridades
que esta prática adquiriu por conta dos ideais daquela escola. Ainda no segundo
capítulo, a pedagoga analisa as relações entre registro e memória, enfatizando
a importância da recuperação da narrativa para a construção de história, de autoria.
A seguir, são analisadas algumas formas
de registro, como os cadernos de registro diário, os portfólios de projetos e
outros registros. Todas estas modalidades de registro, sejam elas mais ou menos
formais, contribuem para a execução do trabalho docente e são, cada uma à sua
maneira, indispensáveis à documentação que é a base a partir da qual o
professor pode construir sua reflexão e aperfeiçoar seu trabalho.
Em suas considerações finais, Lopes
(2009) lembra da dimensão organizacional na qual se insere o registro do
professor, dimensão esta que evidentemente tem um peso sobre seu trabalho como
um todo e, particularmente, sobre os seus registros. Por outro lado, como já
salientado, o registro permite a reflexão do professor sobre a sua prática,
sendo assim um instrumento formativo. De uma forma mais abrangente, o registro
pode ser encarado também dentro de uma proposta integral de formação de
professores, sobre a qual a autora encerra suas considerações.
Por Solângela Lins Vieira.
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