sexta-feira, 16 de março de 2012

Resenha crítica, por Solângela Lins Vieira


Resenha crítica de:
LOPES, Amanda Cristina Teagno. Educação Infantil e Registro de Práticas. São Paulo: Cortez, 2009.

A autora inicia construindo o conceito e o significado do termo registrar, apoiando-se nas concepções de diversos autores, dentre eles Madalena Freire (1983, 1996), Paulo Freire (1993), Cecília Warschauer (1993), 2001), Miguel Angel Zabalza (1994) e Júlia Oliveira Formosinho (2002).
Nas várias concepções de registro pedagógico citadas pela autora, foram incluídas diferentes formas de portfólios, relatos diários, registro de observação entre outras, percebendo a criança como produtora de marcas e o desenho como linguagem, pois o desenho é em sua etapa inicial, motor e visual, tornando-se instrumento de comunicação e representa linguagem privilegiada que atende à escrita, mas não deve ser substituída por ela, considerando que para a criança o desenho tem o papel de comunicação de idéias; antes de perceber essa possibilidade ela apenas faz riscos, sem nenhum significado aparente e com outras pessoas a criança começa a dar forma e representação ao seu desenho.
Recurso muito utilizado na Educação Infantil por fazer parte desse universo e o papel do professor é de observar, incentivar, questionar ampliando as experiências da criança que serve de material para momento de reflexão na reelaboração do plano de aula para reformular estratégias e avanço na aprendizagem.
Em busca da ampliação do olhar sobre o registro, Lopes (2009) segue a obra mostrando práticas de registro no contexto da história da Educação Infantil em São Paulo e na história da educação no Brasil. A autora não deixa de ressaltar a mudança da concepção da infância havida na passagem do século XVIII para o XIX, em que a este período da vida passou a ser visto como sendo composto por categorias próprias; também não deixa de mencionar o registro no contexto do movimento da Escola Nova, mostrando as peculiaridades que esta prática adquiriu por conta dos ideais daquela escola. Ainda no segundo capítulo, a pedagoga analisa as relações entre registro e memória, enfatizando a importância da recuperação da narrativa para a construção de história, de autoria.
A seguir, são analisadas algumas formas de registro, como os cadernos de registro diário, os portfólios de projetos e outros registros. Todas estas modalidades de registro, sejam elas mais ou menos formais, contribuem para a execução do trabalho docente e são, cada uma à sua maneira, indispensáveis à documentação que é a base a partir da qual o professor pode construir sua reflexão e aperfeiçoar seu trabalho.
Em suas considerações finais, Lopes (2009) lembra da dimensão organizacional na qual se insere o registro do professor, dimensão esta que evidentemente tem um peso sobre seu trabalho como um todo e, particularmente, sobre os seus registros. Por outro lado, como já salientado, o registro permite a reflexão do professor sobre a sua prática, sendo assim um instrumento formativo. De uma forma mais abrangente, o registro pode ser encarado também dentro de uma proposta integral de formação de professores, sobre a qual a autora encerra suas considerações.

Por Solângela Lins Vieira.

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